Ensaios sobre a Cegueira com que partimos para um Mundo fora de Portugal



NO COMMENT

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As mulheres dos outros

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No outro dia estava a pensar nas mulheres que conheço aqui e descobri um facto curioso. Pensando nas que vivem aqui, que não vieram para estudar e não são holandesas descobri que o que as moveu foi o amor - primeiro facto admirável - por um holandês - segundo facto digno de registo.
Acho extraordinário já de si que se disponham a mudar completamente de vida por amor a outra pessoa, mas por um holandês?!?!?
As holandesas apontam-lhes milhões de defeitos, a que acrescentam no final "e não são bonitos".
As estrangeiras que estão cá a estudar, ou em estágios (de passagem, portanto) acham-nos basicamente antipáticos, frios e feios.
O que é um facto é que quando estes gajos vão passar férias, seja onde fôr, hão-de trazer nas malas a vida de uma mulher nos seus braços.
O que têm eles para atrair portuguesas, espanholas, italianas, colombianas, mexicanas, suecas, checas, búlgaras, inglesas, levando-as a abandonarem a vida que tinham por uma em que nem sequer tinham pensado antes?...

Nunca vi os meus amigos tugas (durante os 27 anos que vivi no Porto e arredores) a irem passar férias a qualquer país e trazerem uma nativa como namorada, que em muitos dos casos aqui se transformou ou vai transformar em casamento e filhos...

Quem será o primeiro da minha roda de conhecimentos a conseguir uma relação "à holandês"?



(Só me consigo lembrar de uma mulher que conseguiu ter um holandês a seus pés em Portugal.
Mas essa, infelizmente, não pertence ao meu círculo...)


Saudades partilhadas

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Influenciado pela entrevista ao escritor cubano Abílio Estevez, que ouvi na TSF, decidi pegar em algumas das suas palavras e postar aqui:

“Era preciso ganhar distância (de Havana). Era preciso ganhar terra e mar de distância. Sentir a nostalgia. Eu já era um exilado mesmo na própria terra. Em castelhano “insilio” – que está longe ali mesmo. Ver outras culturas, outras gentes, ver outras formas de existir, de falar de pensar”.

O escritor emigrou de Havana aos 48 anos e foi viver para Barcelona. Experiência que, conta, não aconselha a ninguém com esta idade. Mas ele fê-lo.

Talvez estas palavras nos façam, a nós emigrantes, exilados de luxo, pensar naquilo que sentimos e nas “saudades” de casa.


Ambitious women still frighten men

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Coming from a southern European country I am used to the fact that ambitious women are still foreseen as awkward women. How many times did I hear the questions "When are you getting married? When do you want to have kids? Are you waiting to have grey hairs? Your parents are ready to be grand-parents..." Or how many of these south European men still think that you have to cook and take care of the house because you are the woman? Unfortunately it is not only men from my parents'generation but also the one of our genration (at least the ones who are 30 something now...)

Then I went up north, countries of equal opurtunities...now I have to pay my dinner by myself but still hear when I talk about my projects "Wow what an ambitious woman!" So what now?!?!?! How do you expect me to pay the dinner? And why are these guys so scared of ambitious women? Scared that there will be nobody at home to take care of the kids when they are themselves "entrepeneurs"?
I still prefer the southern countries at least you still get invitations!

Definitely the femminist revolution didn't go through all the men's minds...and seems that is not even clear in the northern countries (except for the bills!) Or am I just in the wrong generation...to old to have someone paying dinner for me and to old to be accepted as an ambitious woman?


Pagar ou ser romântico?

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Ok, let’s be straight! You stop with that thing of paying all the time and start to let me give some use to my money, ok? I know it’s a pleasure for you to pay our dinners all the time, but let me have the pleasure of doing the same ok? Besides, if we can count on my money too, we can have more dinners out, right?

Quando vivia em Portugal, o problema era sempre o mesmo – onde a levar para a impressionar e não ficar “depenado” com a conta? Por delicadeza sempre se ofereciam para dividir (mas apenas uma vez, que há segunda há muito gajo que aceita…)
Cheguei à Holanda e levei com o monólogo transcrito acima, por uma holandesa que chegou mesmo a dizer que “deixaria de jantar fora comigo se eu continuasse a recusar jantar oferecido por ela”. Acabei por aceitar, porque não podia perder tal companhia para jantar, mas confesso que as primeiras vezes, enquanto a dita menina sacava da carteira para tirar o dinheiro e me perguntava sobre a gorjeta, eu tentava esconder o embaraço da situação e procurava certificar-me que ninguém estava a olhar para a nossa mesa. Acabamos por entrar na fórmula holandesa da questão – cada um pagaria o seu daí em diante. Os convites de parte a parte passaram a ser mais frequentes e o jantar passou a deixar de ser desculpa para o romantismo – quando não havia dinheiro em nenhum dos lados, passávamos directos ao romantismo com duas de letra e uma garrafa de vinho (ou duas) pela noite dentro.
Podem ter pouco calor, mas não precisam de passar pela nossa carteira para haver chama…
Não é uma questão de independência. É uma questão de igualdade…
Não mostram que são independentes ao pagar o jantar, mostram que são iguais.
Além disso, um gajo que seja solteiro, mas não prescinda das belezas da vida, está lixado se tiver que se chegar à frente com toda a menina que aceite jantar fora, não?

ps: Houve uma que me chegou a responder, quando não aceitei dividir a conta, "do you think that by paying dinner you will have it easier, hum?"

ps2: Mais questões no meu canto privado


Just to make you jealous...

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Guess where Azulinha and Princess Sissi have been to? (it starts with a G and ends with a ON... and its unique in the solar system!)

ahahaha!

PS: still on the road and working on our ethnographic report


Generalizar... e compensar

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Mais uma ou duas provas e serei um acérrimo defensor da lei das compensações. Meaning, acho que tudo neste mundo é sujeito à lei das compensações, ou seja, o que se passar a mais num sítio, vai passar-se a menos no lado oposto. Explicando melhor e com casos que sirvam para ilustrar o que vou dizer a seguir:

Se um ser humano for muito racional, perde em emoção. Se alguém for muito for um gajo muito divertido, conseguirá menos ser sério quando a situação o exigir.

Pensar nas holandesas deu-me o último exemplo da lei das compensações. São tão racionais (como holandesas que são) que perdem em sensibilidade (como mulheres). Naturalmente seguem pela linha e dificilmente saiem fora dela. Não digo que não tenham sensibilidade, mas eu prefiro chamar-lhe uma sensibilidade racional.
O que raramente lhes permite actos de loucura ou impensados. Tudo tem que ser pensado e analisado racionalmente. E então, se a razão não se importar, atiram-se. Será difícil para uma holandesa pensar desesperada “what did I do? What was I thinking?”. Todos os comportamentos passam pela peneira da razão.
Acredito piamente que quando convido uma holandesa para jantar em minha casa, antes de lá chegar, ela já pensou nos cenários todos possíveis, pois o seu comportamente vai demonstrá-lo ainda antes do jantar chegar à mesa.
(O que aquelas que decidem que não se vai passar nada mais além de um jantar sabem, é que eu venho de Portugal e fui habituado a esperar vários jantares...)
Mas isto para explicar porque acredito na lei das compesações. Tanta abertura, frontalidade, auto-confiança e racionalidade lixam o brinquedo na parte mais importante – pilhas com durabilidade mas sem grande “power”…


(Parte II aqui)


Fechados (Gesloten)

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Há uma coisa que me irrita profundamente na sociedade dos Países Baixos: o horário de encerramento dos estabelecimentos.

Um gajo quer um champô, uma caixa de plástico para meter a roupa lavada, até mesmo sacos para o lixo ou uns comprimidos para a garganta, e está tudo fechado a partir das 18h. No Inverno ainda percebo, mas na Primavera/Verão bem que podiam alargar os horários até às 19h, pelo menos.

Claro que há a Koop Avond, noite das compras – que muda de cidade para cidade, mas que aqui na capital, é às quintas-feiras. Mas não chega. Aos fins de semana as ruas do centro estão mais apinhadas que o Colombo em dia de jogos do Benfica. E os holandeses não são propriamente baixos e lingrinhas para andarmos aos encontrões nas ruas estreitas como as do centro de A’dam.

Ando há quase duas semanas para comprar uma porcaria de umas caixas de plástico no Kruidvat ou no Xenos. Mas, como tenho saído tarde e perto do meu trabalho não há nada, estou a adiar esta simples tarefa para as calendas gregas. Irra! É irritante.


Aniversário no Estrangeiro

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(foto de autor desconhecido)

Esta semana fiz anos, o terceiro aniversário passado fora de Portugal. Perguntam-me se fico triste por estar longe neste dia, ao que posso apenas responder que não. Se é certo que seria bom ter o calor físico de todos aqueles que estão lá, também é verdade que esse calor não esmorece com a distância. Antes pelo contrário.
Já há 2 anos escrevia algo como:

”As manifestacoes de carinho e lembrança, como sempre, não faltaram, muito embora a distância pudesse justificar alguma dificuldade em mantê-las. Curiosamente, a distância funcionou como catalisador e as felicitações foram ainda maiores... ou então, o facto de as percepcionar nestas novas circunstâncias fizeram com que as sentisse mais intensamente! Seja qual for o caso, o que é certo é que não me senti de todo sozinha ou triste por estar longe dos "meus", pois senti-os bem perto de mim.”

E continuo a sentir exactamente o mesmo. Para além disso, não só recebemos esse calor que já nos é tão familiar como este se alarga aos amigos e pessoas queridas que agora nos rodeiam. Assim, posso enunciar que uma das vantagens de estar longe é que o número de pessoas que celebra o nosso aniversário aumenta razoavelmente, tornando a celebração mais animada. Uma outra vantagem e que acho bastante curiosa é que, devido ao fuso horário, o dia de anos é maior do que o normal. Dadas as 6 horas que me separavam de Portugal nesse dia, e as 7 horas que me separavam dos restantes países circundantes onde tenho amigos, por volta da meia noite de cá começavam desde logo a surgir emails e mais emails de parabéns.
Uma outra vantagem é também a de poder escutar os Parabéns em várias línguas, fruto do ambiente Internacional em que me insiro.
Assim, e fugindo ao tão típico fatalismo Português, tenho a dizer que não me importo nada de estar longe no meu dia de aniversário!


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